segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Homossexualidade e o papel da escola

(Agência LGBT Brasil) - A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) publicou em 2000 o estudo Juventudes e Sexualidade, fruto de uma pesquisa em 14 capitais brasileiras, com 16.422 estudantes de escolas públicas e privadas, 3.099 professores(as) e 4.532 mães e pais dos estudantes. O levantamento indicou que 27% dos(as) estudantes não gostariam de ter um(a) colega de classe homossexual, 60% dos(as) professores(as) não sabem como abordar a questão em sala de aula e 35% dos pais e mães não apóiam que seus filhos(as) estudem no mesmo local que gays e lésbicas.
Ao contrário do que muitos acreditam, o sentimento de atração por uma pessoa não é uma escolha, ou seja, ninguém opta por ser homossexual ou heterossexual. Por isso o termo “opção sexual” foi substituído por “orientação sexual”. Em relação à homossexualidade, o que ocorre é uma definição, durante o processo da construção da personalidade, da atração física, psicológica e emocional por indivíduos do mesmo sexo. Muitos pesquisadores afirmam que essa definição já acontece desde muito cedo, na infância, ou antes mesmo do nascimento.
Em dezembro de 1973 – a APA (Associação Psiquiátrica Americana), aprovou a retirada da homossexualidade da lista de transtornos mentais, de modo que não é mais considerada uma doença, como se classificou por muito tempo. Em 1985, o Conselho Federal de Medicina do Brasil retirou a homossexualidade da condição de desvio sexual. A decisão se baseou no fato de que não foi provada qualquer diferença existente entre a saúde mental de um indivíduo heterossexual e a saúde mental de um homossexual. Embora tenha sido o primeiro passo contra o preconceito, a crença de que só é homossexual quem quer, faz perpetuar a discriminação e a violência contra gays.
Na escola, os atos de discriminação contra homossexuais são, muitas vezes, banalizados. Os próprios educadores consideram-nos irrelevantes, colaborando para este tipo de violência gratuita acontecer. O grande desafio das instituições de ensino é desconstruir o estereótipo preconceituoso em relação à homossexualidade, promovendo a informação e a construção de valores como o respeito à diversidade, de modo que qualquer ação contra homossexuais – piadas, comentários, violência psicológica ou física – seja entendida como violação dos direitos humanos.
Desse modo, não importa a opinião pessoal ou a religião que a pessoa segue, porque os valores universais de respeito ao ser humano, do combate ao preconceito e de promoção da paz devem estar acima de qualquer crença ou julgamento. Se um estudante sair de uma escola achando que os negros, os brancos, os nordestinos, os japoneses, os homossexuais ou qualquer pessoa com características diferentes das suas pertencem a categorias inferiores, pouco importa se sabe matemática ou se obteve a melhor nota em qúimica, porque a escola terá falhado em sua função primordial: a formação de um indivíduo que possa contribuir para um mundo melhor.

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