quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Negar o que é óbvio


Numa tentativa absurda de negar a diferença, a modernidade nos ofereceu códigos para extirpar a legitimidade daqueles que ousavam ser diferentes daquela medida de racionalidade imposta por aqueles que o fizeram.  Esse pensamento sofre uma grande ruptura no período preparatório da segunda guerra, onde a Alemanha Nazista conseguiu legitimar, através de uma política de propaganda e um absurdo carisma de seu líder, Adolf Hitler, aquilo que odiava. Vou limitar o tema ao artigo 175 do código penal alemão que, fazendo justiça à história, consagrou o preconceito aos homossexuais no século XIX, mas a roupagem agressiva e realmente perseguidora é dada pelo regime Nazista encabeçado por Adolf Hitler.
Verificando o que ocorreu no passado e observando o que acontece hoje no Brasil, principalmente no que se refere ao judiciário, acredito que avançamos muito e realmente aquilo que houve há 70 anos realmente serve de exemplo para não errarmos novamente. Será? Lendo alguns blogs e sites andei repensando essa minha conclusão. Para citar um exemplo de flerte nazi-fascista, posso usar o Dep. Jair Bolsonaro. Uma espécie de Hitler pós-moderno. Na verdade nem tanto assim, Hitler ao menos era um homem inteligente e carismático, características que não são observáveis em Bolsonaro. Quem realmente é um ser bastante preocupante nesse paradigma de preconceito é o Pastor Silas Malafaia. Trata-se de um pastor da Igreja Vitória em Cristo, um senhor muito perspicaz, ótimo orador (talvez ele seja o Hitler), grande observador dos auditórios onde está discursando com um grande alcance de linguagem. Marqueteiro. Joseph Goebbels pós-moderno. Através de sua propaganda ficou rico.
Tanto Bolsonaro quanto Malafaia são sujeitos que, embora neguem, disseminam o preconceito de uma forma bastante evidente. O primeiro é mais grosseiro, sem muito alcance, mas com um discurso muito bem alinhado ao preconceito que é característico de pessoas extremamente conservadoras. Já o segundo é mais esperto, justifica seus passos com fundamentos, muito embora sem sustentação, mas como seu discurso e sua propaganda são fortes a consequência é uma aceitação geral daqueles que não se preocupam em buscar a gênese do argumento do referido Pastor.
Negam o que é óbvio! E o motivo? Penso que o mesmo dos codificadores do século XIX, que extirparam a cidadania daqueles que julgavam diferentes e como consequência, uma ameaça a sua hegemonia, seja ela econômica (no caso do Pastor Malafaia, já que este lucra com a fé) seja ela política (no caso do Dep. Bolsonaro, que necessita de um eleitorado conservador/reacionário para conseguir sua vaga em Brasília de 4 em 4 anos). Mas onde fica o compromisso desses cidadãos com a sociedade?  Negar o que é óbvio é bom para eles ou bom para toda a sociedade?
*Fabrício Maia

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