O Congresso Nacional francês está prestes a regulamentar a união homoafetiva na França e isso significa um reconhecimento a história de um país que se destaca por seus grandes rompimentos paradigmáticos. O próprio presidente François Hollande disse que se trata de uma justiça a comunidade gay da França.
Pois bem, a França é um país peculiar e com uma cultura deveras interessante, porém, as vezes, contraditório. No caso da união homoafetiva, a França está caminhando rapidamente para a regulamentação, mas Paris foi capaz de colocar 340 mil pessoas na rua (com ajuda da Igreja Católica) para protestar contra essa lei que, segundo o Cardeal da capital francesa, é contra a família e um abuso de laicidade.
Ora, Estado e religião foram separados há muito tempo, assim tais essas manifestações da Igreja Católica são absolutamente desrespeitosas ao Estado Francês, embora o direito de manifestação religiosa seja permitido na França. O direito de manifestação tem limites e não pode ir contra a Constituição Francesa que separou a Igreja do Estado no início do século XX. A interferência da igreja por meio da fé é baixa e absolutamente repugnante.
Por isso, torna-se urgente uma resposta firme do Estado Francês e que tal resposta seja a regulamentação das uniões homoafetivas. A contradição ocorrida na França é curiosa e só demonstra que a regulamentação da união homoafetiva é apenas um pequeno passo para o efetivo reconhecimento e emancipação dessas novas famílias.
Fabricio Maia
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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
A triste história de Alan Turing: homossexual perseguido pelos aliados, mesmo após o fim da Segunda Grande Guerra
Há tempos não escrevia nada para o Blog, que vem se
mantendo através dos acessos diários das pessoas que o acompanham há um ano. A
propósito, gostaria de agradecer, oficialmente, em nome do Blog Direito e
Homoafetividade, pela marca de acessos atingida no primeiro ano deste Blog:
10.000 (dez mil). Muito obrigado! Esperamos que as informações aqui publicadas,
e as "bandeiras" defendidas, estejam sendo úteis para propagar uma
mensagem de paz e respeito entre os homens, mormente neste tenebroso cenário
atual, onde cada vez mais se mata homossexuais em razão de preconceito e
discriminação.
Falando nisso, hoje pela manhã fui à exposição
“Alan Turing: Legados para a Computação e Humanidade”, no Museu da UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), onde está exposta a máquina
Enigma, utilizada pela Alemanha Nazista - durante a Segunda Guerra Mundial-
para enviar mensagens criptografadas. Vale apontar que a exposição permanecerá
aberta ao público até o dia 23 de março de 2013.
O mote, entretanto, do evento é homenagear o
matemático Alan Mathison Turing (23 de Junho de 1912 — 7 de Junho de 1954),
considerado por muitos o pai da computação, uma vez que Turing desempenhou
importante papel junto aos aliados, durante a Segunda Grande Guerra, decifrando
as mensagens da máquina Enigma.
Importante lembrar, neste contexto, que a Alemanha
Nazista perseguiu e matou milhares de Judeus, Ciganos e também Homossexuais,
durante a Segunda Guerra Mundial. Especialmente no caso dos homossexuais, o
artigo 175, do Código Penal, do 3º Reich, condenava práticas homossexuais, e,
assim, milhares foram mortos, conforme a triste história que nos conta Rudolf
Brazda, na obra "O Triângulo Rosa".
Uma situação peculiar, e um tanto quanto paradoxal,
ocorreu na vida do matemático Alan Turing. Em que pese todo o serviço prestado
aos aliados durante à guerra, decifrando as complicadas mensagens criptografadas
dos Alemães, e, em razão disso, com papel decisivo na vitória dos Aliados na
Segunda Guerra, Alan foi condenado, em sua terra natal, a Inglaterra, por
práticas homossexuais, e perseguido.
Através de uma Lei Penal datada de 1885 (imagem ao
lado), mesma lei que, anos mais tarde, iria condenar e perseguir o inglês Oscar
Wilde pelo mesmo crime, homossexualismo, a vida de um dos heróis da Segunda
Guerra é abreviada. Após a condenação, sofreu pena de tratamentos a base de
hormônios e eletrochoques e viu suas verbas de pesquisas serem cortadas, até
que, no ano de 1954, suicidou-se com cianeto, aos 42 anos.
O tímido pedido de desculpas do Governo Britânico
veio, apenas, em 11 de setembro de 2009, quando o primeiro ministro inglês
Gordon Brown, pediu desculpas formais em nome no governo Britânico pelo
tratamento preconceituoso e desumano dado a Alan Turing.
A triste história de Alan Turing levanta uma questão importantíssima: qual a verdadeira diferença entre os ideais Nazistas e os ideias dos Aliados? Tanto Rudolf Brazda, quanto Alan Turing foram perseguidos, naquele período, pelo mesmo motivo: possuir uma orientação sexual condenada pelos seus Estados!
E, no caso de Alan, muito pior... mesmo após toda a violência que a Guerra mostrou à Humanidade, os anseios do mundo pela paz, respeito e igualdade entre povos, ainda assim existiu um país que ousou condenar e matar um dos seus heróis pelo mesmo motivo que quase havia levado a Europa e o Mundo a um colapso: a discriminação.
* Por Maurício Esteves e Maria Cristina Esteves
** Texto escrito em 11 de janeiro de 2013
*** Fotos por Maurício Esteves
*** Fotos por Maurício Esteves
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